É como dizer: Nosso cérebro já nasce inteligente, só precisamos treiná-lo e lembrá-lo sobre isso. A verdade é que, nosso cérebro, sempre pratica a física involuntariamente. Por exemplo, a lei da gravitação. A situação é a seguinte: Um humano, à beira de um precipício. O cérebro automaticamente reconhece o perigo e injeta na corrente sanguínea os hormônios necessários para reação adequada: Os movimentos musculares são drasticamente desacelerados, de fato, podem até congelar por um tempo. Essa injeção hormonal é involuntária, não depende se você já aprendeu ou não a lei da gravidade na escola. O cérebro pressupõe que objetos não permanecem no ar sem sustentação. Outro exemplo, são os animais. Todo mamífero tem escrito no cérebro uma suposição sobre a matéria. Por exemplo, quando um veado vê um leão distante andando perpendicularmente a sua linha de visão e a imagem do leão é obstruída por uma rocha, o veado sabe que há um leão atrás da rocha, mesmo que esse tenha desaparecido do campo de visão. Essa é uma suposição básica sobre o universo que os mamíferos inteligentes fazem. O cérebro dos animais superiores foi dotado dessa suposição porque aqueles que não a tinham ficavam despreocupados quando um predador se escondia e consequentemente eram presas mais faceís. Ou então, quando várias crianças brincam de pega-pega, porque elas tendem sempre a tentar pegar primeiro quem está mais perto? Porque o cérebro sabe que vai ser mais fácil; o tempo vai ser menor, as chances de chegar nessa outra criança com tal velocidade é maior. As leis físicas supostas pelo cérebro humano não precisam ser corretas ou precisas. Elas são o produto direto de tentativa e erro da evolução. Aprendendo qual é a física da psicologia, os psicólogos podem testar a teoria mostrando situações a seres humanos em que a física da psicologia é explicitamente violada. Um dos exemplos é a ilusão de óptica. Como a imagem que se forma na retina é bidimensional, a informação do mundo tridimensional é perdida. Ainda assim, o cérebro reconstrói a informação de profundidade. Existem várias situações em que usamos a física, mas não notamos. O fato é que não se trata de modelos matemáticos da física sendo usados para descrever, por exemplo, o disparar de um neurônio, e sim a noção de teorias físicas, nos fazendo entender alguns dos aspectos do comportamento humano!
(Fontes: Como a Mente Funciona - Steven Pinker)